HÁ MUTO A COMEMORAR – Parte II (Final)
- Tadeu Cruz
- 29 de jun. de 2022
- 2 min de leitura

Hoje, 08/04/2022, comemoro mais um ano de vida, um novo aniversário. Comemoro a saída do Hospital Estadual Santa Casa de Cuiabá. Feliz da vida, mas trôpego e com muita falta de ar.
Saí. Havia vencido a Covid-19 pela segunda vez, sendo que desta vez a minha vida tinha corrido sério risco de morte. Como escrevi no primeiro texto, chegar com mais de 70% de comprometimento dos pulmões a um dos hospitais de referência para tratamento da Covid-19 já deixaria qualquer um assustado.
Nestes quase um mês de internação eu procurei me concentrar nos processos hospitalares, primeiro nos da enfermaria e, depois, nos processos da UTI. Afinal como, graças a Deus, não fui entubado, o pouco que pude me distrair aproveitei para mapear mentalmente tais processos. Afinal, eu queria escrever um livro quando dali eu saísse, o que efetivamente eu fiz.
Com muito cuidado, para não perturbar os profissionais da UTI, meu foco principal, eu perguntava tudo, pra todo mundo, do pessoal da faxina às médicas, passando por técnicos de enfermagem, enfermeiras, coletores de sangue, dentistas, fisioterapeutas, nutricionistas... Como na UTI eu fiquei sem celular, note, etc., e tinha apenas alguns papeis em branco, exercitei muito a minha memória. Esperava guardar o máximo de dados e informações para depois escrever o livro.
Foi um tempo de muita aprendizagem, aprendizagem de uma outra realidade, uma que nunca antes tinha vivido, sem proselitismo ou com intensões de sair dali para ser evangelizador de qualquer coisa.
Sem essa de “oh! descobri num leito de UTI como a vida é bela!” Ou, “aproveitarei cada minuto desta segunda chance que Deus está me dando!” ou ainda, “vou fazer tudo diferente do que sempre fiz, daqui pra frente.”
Primeiro eu sempre soube que a vida é bela! E jamais, em momento algum, pensei em mudar minha vida a partir da experiência da UTI. Muito menos passar a fazer tudo diferente do que sempre fiz até aqui, a partir do momento que saísse do hospital.
Para mim, a vida além de bela é muito simples. As complicações sempre foram, interpostas por alguma coisa que num determinado momento fiz de errado, ou contrariei o axioma “a vida além de bela é muito simples”. Quem complica a nossa vida somos nós mesmos.
Hoje, com um ano de sobrevida, vivo com as mesmas ideias e preocupações, com as mesmas certezas e incertezas, com as mesmas esperanças e desilusões. Amando muito, sempre, tudo que eu amava ou possa vir a amar, meus filhos, minhas cachorras, meus projetos, meus livros, meus amigos, meus trabalhos, meus whiskies, meus vinhos. Afinal, ainda há muito pra fazer do mesmo que sempre fiz.
A vida além de bela é muito simples!
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