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  • Foto do escritorTadeu Cruz

SOBRE RPA E SOBRE COMO NÃO IMPLANTAR

Li, dia destes, que “pesquisa da Juniper Research aponta que os setores Bancário e Financeiro serão responsáveis, até 2023, por receitas superiores a US$ 1,2 Bilhão, quando em 2018 as receitas foram de US$ 200 Milhões, acenando para um crescimento de 400% no período. Segundo a pesquisa, as Instituições ainda estão em estágio inicial de implementação e precisam vencer alguns desafios envolvendo bases de dados não estruturados e falta de conhecimento e estratégia para sua implementação”.



Desse texto separei duas verdades preocupantes:


1.     “Precisam vencer alguns desafios envolvendo bases de dados não estruturados” e


2.     “Falta de conhecimento e estratégia para sua implementação”.


Incrível que estejamos batendo na mesma tecla depois de tantos anos utilizando Tecnologias da Informação emergentes, cuja a base para uma perfeita utilização tem dois alicerces distintos e, de certa forma, concomitantes: base de dados estruturados e uma estratégia claramente definida para implantação (odeio o neologismo implementação).


Aliás, RPA, no meu modo de ver, é um novo nome para o nosso velho e conhecido Workflow, que conheço muitíssimo bem desde a década de 1980.


Acalmem-se os mais afoitos, que dirão que o RPA não tem nada a ver com Workflow, que tem integração com Inteligência Artificial, Chatbots e URAs ultrassofisticadas e que permitirão uma melhor Automação Robótica e Cognitiva, o que possibilitará transformar os Centro de Serviços Compartilhados, CSC, em algo muito mais eficiente no atendimento a clientes, internos e externos.


As tecnologias evoluem, mas nossa capacidade de aprender com os erros e acertos parece involuir na mesma proporção e na mesma velocidade. Quantos projetos fracassaram por causa de um mau planejamento, ou nenhum, na implantação de novas tecnologias. E quantos fracassarão?


A minha dissertação de mestrado, concluído em 2005, foi ‘Uso e desuso de sistemas de Workflow’, na qual descrevi e analisei vários casos de implantação fracassada de tecnologias emergentes. Algumas causas: falta de planejamento, falta de conhecimento, falsas expectativas e principalmente, falta de mapeamento e melhoria de processos.


Houve casos de projetos já implantados, e com o software em perfeito funcionamento, abortados porque a Organização descobriu que seria necessário atualizar primeiro processos, sempre que estes fossem atualizados, para que depois tais mudanças se refletissem no software, e por acharem todo este trabalho caro e desnecessário optaram por “jogar tudo fora”. Entretanto, também conheço implantações de Workflow funcionando há mais de 10 anos, mas são raras. Estas foram implantadas com um excelente planejamento e com modelagem e melhoria de processos corretas.


Melhoria de processos de negócio é algo extremamente necessário, embora custe, às vezes, muito. Caso contrário nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, conseguirá dar o retorno que a Organização espera que ela dê.

Antes de pensar em mapeamento, análise, modelagem e implantação dos Processos de Negócio, visando implantar BPMS ou RPA, é necessário que a Organização tenha conhecimento sobre suas necessidades e construa uma estratégia clara e objetiva para implantação destas tecnologias.


Hoje fala-se que o RPA tem agentes autônomos, os tais bots, que possibilitarão automatizar a maioria das tarefas existentes em qualquer processo, mas nem isso é absolutamente novo. Na década de 1990 tive contato com uma Profa. Dra. do MIT que desenvolvia Agentes dinâmicos, enquanto os melhores softwares de Workflow tinham Agentes estáticos, algo muito mais sofisticado que esses bots existentes hoje. Pelo menos por enquanto.


É verdade que boa parte do trabalho realizado em qualquer organização, hoje, pode ser feito de forma automatizada, por robôs de software – os chamados bots. Mas daí a preconizar, de novo, que a automação de processos é considerada a próxima grande onda a gerar um salto de produtividade e de grandes ganhos para as Organizações vai uma distância enorme, pois tudo isso já foi prometido desde a década de 1980, e menos de 1% das Organizações conseguiram obter tais ganhos.


Não sou contra nada.


A rigor sou a favor de tudo, desde que ninguém seja enganado e que se invista com segurança o dinheiro das Organizações.

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